29/11/2019

Simpósio contribui para o controle da leishmaniose

Principal mecanismo para frear a doença é a educação ambiental, a começar pela destinação correta do lixo

Foto: João Paulo Barbosa

Simpósio realizado em sua terceira edição, no salão do Limoeiro, no campus II da Unoeste

 

As leishmanioses fazem parte das doenças negligenciadas no mundo e são sério problema no Brasil com 96% das incidências de leishmaniose visceral na América Latina. No estado de São Paulo existem controle e notificações eficientes, mas o problema persiste. A região de Presidente Prudente concentra a maior prevalência e nela ocorre o avanço em maior velocidade. Simpósio sobre o assunto contribui para a criação de mecanismos de controle, dentre os quais a educação ambiental é primordial.

Dados do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Sinan) de 2014 até o dia 11 deste mês apresentam 746 notificações de leishmaniose visceral em Gerências de Vigilância Epidemiológica (GVE), dos quais 149 nas de Prudente e Presidente Venceslau, o que representa quase 20%. Foram 63 óbitos no estado e nove da região, ou seja: 14,28%. A partir dessa preocupação regional, foi realizado em sua terceira edição o Simpósio de Leishmanioses do Oeste Paulista: uma abordagem clínica e epidemiológica.

Porém, devido a dimensão do problema, o evento mobilizou nessa quinta-feira (28) na Unoeste a participação de 117 inscritos, profissionais da saúde e estudantes de graduação e pós-graduação de quatro estados: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná e Minas Gerais. A avaliação dos organizadores é que foi um sucesso, conforme o médico infectologista Dr. Luiz Euribel Preste Carneiro, professor dos programas de mestrado e doutorado em Ciências da Saúde e Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Para Carneiro, o primeiro passo importante deste simpósio de 2019 foi dividir o foco entre as leishmanioses tegumentar e visceral. Como a visceral é a mais grave, por atacar os órgãos do corpo e poder levar à morte, geralmente é mais discutida. A tegumentar, embora não leve à morte, pode gerar incapacidades por acometer as mucosas da boca, garganta e nariz. São doenças para as quais não existe vacina e quando se instalam em uma região, não vão mais embora. Daí a necessidade de criar mecanismos de controle para não virar epidemia.

O simpósio tem esse compromisso de encontrar medidas que sejam eficientes e que cheguem à população para que tenha conhecimento e cuidados com o ciclo biológico da doença, que tem força no oeste paulista por ser uma região de clima seco no inverno e úmido e chuvoso no verão. Com a ausência da floresta tropical que ao longo dos anos foi dizimada, substituída por cerrados e pastagem, o meio ambiente natural foi alterado completamente, o que ajuda na proliferação do vetor: o mosquito palha.

O inseto se alimenta com o sangue do cachorro infectado e transmite a doença para outro saudável, como também ocorre com roedores e com o ser humano.  Os cães são os principais reservatórios, inclusive pela grande quantidade de abandono pelos proprietários. A proliferação tem maior incidência em depósitos irregulares de lixo e, de acordo com o Dr. Euribel, somente em Prudente existem 54. É um problema que passa pelo poder público, mas a grande culpa é da população.

Sobre o simpósio, um aspecto muito positivo visto pelo médico, ao fazer a avaliação na manhã desta sexta-feira (29), foram as abordagens dos palestrantes, cada um com sua expertise, de tal forma que os assuntos passaram por questões ambientais, proliferação do mosquito, diagnóstico e tratamentos, dentre outros tópicos de igual importância. A realização foi no salão do Limoeiro, no campus II da Unoeste, em dois períodos: manhã e tarde.

Os programas de pós-graduação stricto sensu em Ciências da Saúde e Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional tiveram como parceiros o Instituto Adolfo Lutz, Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e Sociedade Brasileira de Dermatologia – regional de São Paulo. Atuaram como palestrantes professores e pesquisadores externos e internos, entre os quais dois da Faculdade de Medicina de Presidente Prudente (Famepp), da Unoeste.


Legenda: Simpósio realizado em sua terceira edição, no salão do Limoeiro, no campus II da Unoeste
Créditos: João Paulo Barbosa