06/09/2023

Reunião planeja ações de enfretamento a dengue em Prudente

Autoridades municipais e representantes de órgãos que são parceiros da Unoeste debateram articulações e ações de educação em saúde de curto, médio e longo prazo

Professor Eduardo Fuzetto Cazanãs conduziu reunião no campus 1 (Foto: João Paulo Barbosa)

 

Quando o assunto é a dengue, a última atualização do boletim da Vigilância Epidemiológica Municipal (VEM) – datada de 29 de agosto – mostra que de janeiro até agora Presidente Prudente contabiliza 36.264 casos já confirmados da doença. Só de notificações são mais de 48 mil. E o número mais preocupante de todos: 24 pessoas morreram em 2023 por consequência da doença que é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Considerando esse cenário de epidemia e na proposta de alinhar estratégias das ações a serem realizadas no enfretamento a doença, a Unoeste cumpre seu papel de instituição socialmente responsável. Por meio do curso de Enfermagem, convidou representantes municipais a participarem de uma reunião estratégica de combate à dengue no município. Parte da atividade se deu na manhã de terça-feira (5), e a segunda etapa segue na manhã desta quarta-feira (6) no campus 1 da universidade.

Além de agentes e profissionais da saúde do município, representantes de outras secretarias municipais, a exemplo da pasta de Educação, Informação e Meio Ambiente, além do Conselho Municipal de Saúde, também estão participando da reunião. O trabalho é conduzido pelo professor doutor Eduardo Fuzetto Cazanãs, do curso de Enfermagem. Segundo ele, o atual cenário impõe a necessidade de articular ações entres as instituições. “Estamos numa região com clima muito propício para a propagação da dengue, tivemos uma epidemia preocupante e a ideia é que sejam elaboradas ações a curto prazo que seriam ainda para este ano. O que a gente pode fazer enquanto universidade para colaborar a médio prazo visando o próximo ano que vem aí, e também a longo prazo pensando em estratégias efetivas e a serem adotadas entre 2025 a 2030. Então a ideia é propor uma ferramenta que é o planejamento estratégico e a partir desse planejamento pensar nessas ações pra gente tentar amarrar ações e melhorar o combate de enfretamento a dengue”.

O docente pontua também que a dengue é uma questão complexa e por isso a responsabilidade no combate precisa ser de todos. “É preciso ter uma educação em saúde, os cuidados com a população. Sabemos que existem intervenções a serem feitas, mas é preciso pensar porque é uma questão a ser resolvida no Brasil todo. Então, nesse momento vamos identificar os principais problemas relacionados a dengue e depois vamos priorizar. Em seguida vamos identificar quais são as consequências que os problemas trazem e quais são as causas desses problemas, para assim trabalhar essas causas”.

Dentre os presentes na reunião, o médico infectologista, professor doutor Luiz Euribel Prestes Carneiro, reforçou a fala do professor Eduardo sobre educação em saúde. “A gente tem falado o tempo todo no atendimento médico, no diagnóstico precoce, na realização do diagnostico por meio de exames e o poder público tem dado a sua resposta. O grande problema ainda permanece sendo a população. Nós não conseguimos atingir a população e não é só na questão da dengue, tem a questão da leishmaniose visceral também. São vetores diferentes mas o problema é o mesmo. A gente não consegue fazer com que as pessoas tenham consciência coletiva sobre a questão do lixo, dos depósitos irregulares, então o grande nó da dengue é a educação da população. As pessoas precisam entender que educação é a melhor forma de prevenção, e é preciso achar formas mais efetivas e eficazes de educar a população. Por isso encontros como esse são extremante importantes”.

Apesar do cenário da dengue na maior cidade da região ainda não ser dos melhores, Dr. Euribel faz uma projeção otimista quanto à doença. “Acredito que a dengue nos próximos anos deixará de ter a importância que tem hoje, por dois motivos. O primeiro porque muita gente já foi infectada nos anos 2021 e 2022 e 2023, e o segundo são as novas vacinas que estão chegando, que são altamente efetivas. As novas vacinas são capazes de sanar os quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DEN-V 4)”. O médico pontua que embora ainda sejam caras, existe uma tendência de diminuir o preço. “Em 2024 muita gente vai se vacinar, então se você somar as pessoas que já foram infectadas mais as que irão tomar a vacina você terá aquilo que chamamos de imunidade de rebanho, penso que acima de 50% da população”.

Autoridades presentes 

A reunião envolveu outros docentes da Unoeste. Além dos doutores Eduardo e Euribel participou a professora doutora Alba Regina Azevedo Arana, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Unoeste que oferta mestrado e doutorado. Alba salienta que a necessidade de discutir os problemas relacionados a expansão da dengue no município, e como as pesquisas ligadas a questão de saúde e meio ambiente dentro do programa, podem contribuir para amenizar a situação no município.

“Temos um grupo de pesquisa relacionados as doenças negligenciadas, entre elas a dengue e temos vários pesquisadores que estudam a expansão, porque essa expansão tem sido ocasionada na nossa região e como os dados que a gente tem podem contribuir pra indicar os caminhos que podem ser tomadas para buscar uma melhora na cidade”.

Para a secretária adjunta da Secretaria de Saúde de Prudente, Danielle Borsari, a reunião tem foco no planejamento. “Estamos aqui em parceria com a Unoeste e com parceiros da própria rede da prefeitura, com o conselho e comitê da dengue pra trabalhar um planejamento estratégico, pensar daqui pra frente como vamos lidar com a prevenção e promoção da dengue, para tentar minimizar efeitos da epidemia como aconteceu nos outros anos com a dengue. É importante a gente pensar que tudo que está sendo planejado aqui será direcionado e voltado para nossas equipes, para que elas trabalhem com os usuários nos territórios a fim de evitarmos a proliferação do mosquito”.

Por fim, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Valdinei Vanderlei da Silva, manifestou alegria em saber que ações estão sendo realizadas no intuito de evitar o aumento nos casos da doença. “O Conselho é muito atuante, e assim que recebemos o convite da Unoeste, aceitamos. Dessa maneira sabemos que começou um planejamento futuro, para 2024 e 2025, e mais uma vez a universidade mostra a sua força e que está à frente desse planejamento”, elogiou.

Dr. Luiz Euribel: "As pessoas precisam entender que educação é a melhor forma de prevenção" (Foto: João Paulo Barbosa)


Legenda: Professor Eduardo Fuzetto Cazanãs conduziu reunião no campus 1 da Unoeste
Créditos: João Paulo Barbosa
Legenda: Dr. Luiz Euribel: "As pessoas precisam entender que educação é a melhor forma de prevenção"
Créditos: João Paulo Barbosa