27/11/2019

Reabilitação equestre fecha o ano com excelentes resultados

Serviço prestado há 10 anos para a comunidade, desde o ano passado tem a parceria da Polícia Militar

Foto: João Paulo Barbosa

Utilização da equoterapia em abordagem multidisciplinar

 

O Programa Multidisciplinar na Reabilitação Equestre completa 10 anos e está fechando 2019 com excelentes resultados. Na manhã desta terça-feira (26) ocorreu a última sessão de montarias e agora serão feitas as avaliações clínicas dos praticantes. As ações serão retomadas em fevereiro de 2020, primeiro com atendimento clínico na Unoeste e depois com a equoterapia no 18º Batalhão de Polícia Militar.

Iniciado em 2009 no Centro de Reabilitação Equestre da Unoeste, no ano passado o programa ganhou a parceria da Polícia Militar, com as atividades transferidas ao Grupamento de Policiamento Montado, agora vinculado ao Batalhão de Ações Especiais (Baep). O trabalho de reabilitação atende crianças e adolescentes com algum tipo de deficiência, seja física, intelectual ou necessidades especiais.

Estão envolvidos policiais da cavalaria, professores e estudantes dos cursos de Fisiotarapia, Psicologia, Fonoaudiologia e Zootecnia, sendo este último voltado para o atendimento animal. O comandante da Polícia Montada do Baep, o 1º sargento Edson Laurindo Krauss Junior, comenta que o programa contempla a filosofia de polícia comunitária e promove a satisfação dos policiais envolvidos.

Resultados

Para Krauss Junior é muito gratificante ajudar quem precisa e ainda ter de volta o sorriso das crianças que, além dos exercícios físicos, recebem o carinho do animal e ficam diferentes, mais felizes. Do plantel de 14 cavalos, os três mais mansos foram selecionados e preparados para a equoterapia. Esse sentimento resultante da observação do policial é atestado em avaliações em fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia.

A coordenadora do programa e professora do curso de Fisioterapia Maria Tereza Arteiro Prado Dantas afirma que em seis meses, embora seja um período curto, as crianças evoluem em coordenação, postura e socialização. Existem casos de pacientes graves que passaram a interagir com a equipe, sendo que antes sequer tinha essa relação com a família. O tratamento dura seis meses e pode ser prorrogado.

Essa interação tem muito a ver com o trabalho da fonoaudiologia, por estimular a comunicação, conforme explica a professora Sandra Silva Lustosa Dearo. Ela comenta que o ambiente ajuda muito e a evolução é mais espontânea. Na clínica a interação é simulada, na equoterapia é real. Além de desenvolver o afeto, o praticante melhora o tônus muscular, inclusive o da cabeça e pescoço, região dos órgãos da fala.

Conforme a professora Rosana Vera de Oliveira Schicotti, o curso de Psicologia contribui na atividade prática de montaria, antes, durante e depois. Com os pais é feito trabalho em grupo, mas também individualmente, que envolve orientação, escuta e acompanhamento. As crianças são atendidas por meio do brincar, da interação e da observação. Tem uma sala de atendimento no próprio Batalhão.

Marilei Tomaselli há dois meses leva seu filho caçula, com quatro anos de idade, para a equoterapia. Conta que em pouco tempo tem observado melhoras, no brincar mais e em mais contato pessoal. A descoberta do autismo ocorreu aos três anos e desde então o garoto recebe tratamento multiprofissional, agora acrescido do serviço prestado pela Unoeste e a Polícia Militar.

Boa parte do atendimento às crianças é feita por estudantes de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Psicologia, orientados e acompanhados por professores. Lucas da Silva Rodrigues é um deles. Para ele, ver a evolução dos praticantes é muito gratificante, ao ponto de estar inclinado em trocar sua pretensão por ortopedia ou fisioterapia do esporte, por fisioterapia pediátrica.

Vagas e horários

A professora Maria Tereza explica que os atendimentos são para pacientes com alguma sequela neurológica, atraso de desenvolvimento, autismo, síndrome de down e outros distúrbios. Na equoterapia há a possibilidade de melhoras do equilíbrio, da coordenação, da força e do desenvolvimento. São ofertadas 36 vagas em dois horários: segunda-feira a tarde e terça-feira de manhã.

A criança é recebida mediante indicação médica e avaliação de toda parte física, controle de tronco, equilíbrio e força; para, então, começar a intervenção de montaria. Inicialmente são dez minutos de aproximação e preparação com alongamento, socialização com outras crianças e com a equipe multidisciplinar. Ao final de 20 ou30 minutos de montaria, retorna para o alongamento e relaxamento.

Terminado cada semestre, as crianças são reavaliadas sobre a evolução, além do que já foi observado durante o atendimento. É o que está acontecendo neste momento antes do recesso, para o retorno em fevereiro, quando novamente serão avaliadas para saber se tiveram algum efeito durante as férias e para iniciar o novo semestre. A triagem para novos pacientes é feita na Clínica de Fisioterapia, no campus I da Unoeste.


Legenda: Utilização da equoterapia em abordagem multidisciplinar
Créditos: João Paulo Barbosa