Psicólogas da Unoeste falam sobre saúde mental na pandemia
Situação extrema causa muita pressão psicológica; problemas mentais podem ser causados ou agravados pelo momento
Foto: Ector Gervasoni
Jhenifer Dias explica que a saúde emocional tem sido foco de atenção mundial por conta da pandemia
Conter a proliferação do novo coronavírus é a preocupação mais urgente em meio à pandemia, porém, não é a única! A falta de convívio social e a atmosfera marcada pelo bombardeamento de informações e incertezas causam impactos drásticos na saúde mental das pessoas. Essa nova realidade pode afetar o psicológico de diversas formas. A psicóloga e professora do curso de Medicina da Unoeste Jaú, Ana Paula Gasparotto Paleari, conta que neste período de quarentena tem recebido pacientes com sintomas acentuados de desgaste mental e emocional.
“Tenho recebido pacientes com sintomas de ansiedade, desespero, medo, irritabilidade, tristeza e insônia. Isso mostra que as pessoas estão vivendo um turbilhão de sentimentos e não sabem o que fazer com eles. Ter a possibilidade de voltar a atenção para si mesmo é algo novo que as pessoas não estão acostumadas e o desconhecido muitas vezes assusta. O fato de ter que se encontrar, se descobrir e muitas vezes se reinventar dentro de uma rotina completamente caseira é difícil. E como se não bastasse, ter que conviver também com a preocupação e o medo que assola a todos”, explica.
A docente salienta que o momento atual de isolamento é necessário para um bem maior, que é o cuidado com a saúde de todos. Diante desse cenário, ela ressalta a importância de cuidar da saúde mental e fala sobre como lidar melhor com a situação: “Para manter a saúde mental em dia, evite pensamentos negativos como achar que o fato de estar isolado é algo ruim. Pense que é uma situação temporária em prol de uma causa justa. Pensar positivo sempre ajuda. Evite também o bombardeio de informações, consulte apenas canais oficiais para não se deparar com notícias falsas que podem causar pânico sem motivo. Ocupe seu tempo com atividades que você gosta, exercite-se, leia, assista, cozinhe, estude, invente uma brincadeira com as crianças, use a imaginação”, orienta.
Para a psicóloga do Serviço Universitário de Apoio Psicopedagógico ao Aluno (SUAPp) da Unoeste Jaú, Jhenifer Dias, o cenário em termos de saúde emocional tem sido foco de atenção mundial pela inabilidade das pessoas em lidarem com o isolamento social. Atrelado a isso, é possível notar o aumento gradativo na sintomatologia dos transtornos mentais e comportamentais, nos quadros apresentados pelas pessoas em tratamento clínico.
“Ao vivenciar esse contexto que pode ser caracterizado como ‘assustador’ para muitas pessoas e, em adicional, o isolamento, nos deparamos com outro desafio: o convívio familiar. Acredito que 90% das queixas recebidas na clínica estão relacionadas a conflitos de ordem familiar ou conjugal. Sendo assim, as pessoas em meio a tantas emoções podem estar em situação vulnerável emocionalmente e acabam apresentando baixo limiar a frustração, instabilidade de humor e irritação com maior frequência, facilitando a ocorrência de conflitos e situações geradoras de estresse”, conta.
A psicóloga do SUAPp frisa ainda que existem inúmeros fatores de risco que atualmente colocam as pessoas em situação vulnerável, “a questão é que de alguma forma, dentro ou fora de nossas casas, sempre iremos nos deparar com fatores que podem ser percebidos como estressores e se não soubermos lidar, iremos apresentar sofrimento. O que vai mudar ou nos trazer saúde emocional não é a ausência dele, mas sim a nossa forma de lidar com cada momento e em cada situação. É a forma assertiva de olharmos e vivenciarmos as experiências cotidianas, que será a linha tênue entre saúde emocional e adoecimento”, diz.
Jhenifer destaca a importância de procurar ajuda especializada ao se deparar com alguma situação de vulnerabilidade mental e emocional. “Procure um psicólogo clínico para que ele atue como uma rede de apoio nesse momento tão delicado. Os atendimentos podem ocorrer de forma online. O profissional conseguirá estabelecer estratégias de enfrentamento e irá desenvolver habilidades socioemocionais podem ajudar a lidar com essas e demais situações críticas”, finaliza.
