Pesquisas revelam impactos da poluição atmosférica na saúde de populações vulneráveis no Guarujá
A Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) está à frente de importantes estudos que investigam os efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde de populações vulneráveis residentes em áreas portuárias do município de Guarujá, no litoral de São Paulo. Coordenados pela professora do curso de Medicina, Dra. Marceli Rocha Leite, três projetos de pesquisa em andamento têm como foco crianças, idosos, gestantes e bebês – grupos mais suscetíveis aos danos provocados por poluentes gerados por atividades portuárias, como operações de carga e descarga, transporte de mercadorias e emissões de navios – e já começaram a apresentar os primeiros resultados.
O primeiro projeto, intitulado “Efeitos da Poluição Atmosférica no Sistema Respiratório, Cardiovascular e na Qualidade de Vida de Idosos e Crianças Moradores de uma Área Portuária no Município de Guarujá/SP”, avalia os impactos respiratórios e cardiovasculares em crianças de 7 a 11 anos e idosos com 60 anos ou mais, residentes nos bairros Jardim Conceiçãozinha, Boa Esperança e Perequê.
Já foram avaliadas 111 crianças no grupo exposto e 25 no grupo controle, além de 63 idosos expostos e 66 no grupo controle. Dados preliminares indicam relação direta entre a exposição a partículas finas (MP2,5) e doenças como asma, rinite alérgica e hipertensão. “Os resultados apontam para uma necessidade urgente de políticas públicas que priorizem essas populações e reduzam os impactos da poluição atmosférica em regiões portuárias”, afirma a Dra. Marceli.
Outro estudo relevante é o que investiga os “Efeitos da Poluição Atmosférica no Desenvolvimento Fetal e Saúde das Gestantes Residentes em uma Área Portuária no Município de Guarujá/SP”. Trata-se de uma pesquisa de corte prospectiva que compara gestantes de áreas com diferentes níveis de exposição. Atualmente, participam do projeto 33 gestantes da área exposta e 19 do grupo controle.
O estudo busca identificar possíveis associações da poluição com complicações como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e restrição de crescimento fetal. “Essa é uma população extremamente sensível. Ao proteger gestantes e bebês, estamos investindo no futuro e na saúde de toda uma geração”, pontua Marceli.
Desenvolvimento neuromotor infantil e parcerias institucionais fortalecem a pesquisa
O projeto mais recente amplia o escopo das investigações ao analisar os “Efeitos da Poluição Atmosférica no Desenvolvimento Neuromotor Infantil em Crianças de até 1 Ano de Idade no Município do Guarujá”. A pesquisa, financiada com bolsa de iniciação científica pela Fapesp, utiliza a Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS) para avaliar o desenvolvimento de bebês aos 3, 6, 9 e 12 meses de idade.
As coletas são feitas em bairros Jardim Conceiçãozinha e Boa Esperança, comparando com áreas de menor exposição, como Perequê e Vila Rã. A aluna Amanda de Almeida Macedo Sarabando, bolsista da pesquisa, é responsável por parte das coletas e análises. Os dados gerados permitirão entender os impactos precoces da poluição no neurodesenvolvimento e poderão influenciar decisões em saúde pública e planejamento urbano.
As três pesquisas contam com apoio financeiro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Guarujá, responsável pela aquisição de equipamentos e concessão de bolsas, além do suporte institucional da Unoeste, que reafirma seu compromisso com a produção científica de impacto social.
A aluna Gabrielly Cristina Mattos da Silva, integrante do primeiro projeto, também foi contemplada com bolsa da Fapesp, reforçando a qualidade dos estudos desenvolvidos. “A Unoeste é uma instituição que valoriza e apoia a pesquisa. Sempre que precisamos, temos o suporte da universidade e da nossa pró-reitoria. É gratificante ver que nossos dados podem gerar transformações concretas”, destaca Marceli.