Paratleta concilia treinos com estudos na universidade
Dayara Cardoso iniciou os estudos na Unoeste este ano e neste fim de semana participará do Campeonato Paulista de Paranatação de Inverno 2023, em São Paulo
Dayara Cardoso e sua mãe Denise no campus 1 da Unoeste (Foto: Giovanna Guessada)
“Quando ela nasceu, a ciência não deu um ano de vida, ela não iria andar e nem falar”, lembra Denise Cardoso, mãe da paratleta prudentina de natação e aluna do curso de Educação Física da Unoeste, Dayara Cardoso Vitor de Sousa. Com 21 anos, ela está em quarto lugar no Ranking Brasileiro de Natação Paralímpica na categoria S6 e concilia os treinos durante a semana com os estudos no período noturno. Neste fim de semana, a Dayara e mais 24 paratletas prudentinos com deficiência física, visual ou intelectual estarão na capital do estado para o Campeonato Paulista de Paranatação de Inverno 2023, que será realizado no Centro de Treinamento Paraolímpico Brasileiro.
A mãe da paratleta conta que a filha é portadora de Osteogênese Imperfeita (uma doença dos ossos), conhecido também como ossos de vidro. “Minha filha é meu orgulho, foi um choque quando o médico disse que não teria condições de sobreviver e hoje ela está na faculdade”. Em sua fala, Denise expressa alegria e muito orgulho. “A cada dia que ela chega em casa e comenta as coisas que aconteceram, o que aprendeu na aula, é uma alegria tão grande, as vezes não temos palavras para expressar nossa alegria. Sei que a natação e o curso da Unoeste foi uma junção perfeita, é o futuro da minha filha”, pontua a mãe em tom de admiração pela filha.
Dayara por sua vez conta que a experiência na universidade está sendo surpreendente. “A cada matéria que participo na faculdade eu falo ‘meu Deus’. Muitas coisas estou entendendo agora. Estou começando a entender os processos do meu treino, estou gostando demais. A Unoeste é encantadora, o tamanho da estrutura, a qualidade dos professores. Agora que conheci a universidade sei que é isso que eu quero. Estou muito feliz”.
A ex-aluna do Colégio Poliedro lembra que a decisão pela universidade veio ainda quando estava no ensino médio. “Visitei a Unoeste com a minha sala do colégio, conhecemos os laboratórios e ali eu vi a dimensão da instituição. Como estou inserida no meio dos atletas o curso contribui para meu entendimento. Quero aprender a cada dia mais e me dedicar a essa área”.
Sobre o esporte, a paratleta fala que no começo a busca pela natação era penas para qualidade de vida. “Eu nunca esperei que fosse competir, minha ideia era apenas fazer a natação. Mas hoje, eu sou apaixonada”. Ela lembra que sua primeira competição foi aos 15 anos, mas que desde os sete já havia se apaixonado pela prática da natação. “Lembro que na minha primeira competição eu fiquei surpresa pela quantidade de pessoas com deficiência, não imaginava isso e ali eu percebi que algumas pessoas tem condições mais complexas e que eu não tenho nada. Ali notei que minha deficiência não é nada para aquilo que eu quero fazer e pra aquilo que um dia eu penso em ser”.
Laços afetivos
Para a família de Dayara, ela estar inserida em uma universidade é uma alegria. Mas ser aluna da Unoeste é muito mais importante. O motivo tem nome e sobrenome, Agripino de Oliveira Lima Filho, ou Professor Agripino. Dayara e a mãe relembram alguns momentos nos quais a história de vida da família se encontra com a presença do fundador da Unoeste. “Não era nascida, mas sei da história da minha casa, fomos comtemplados com um terreno doado pelo Professor Agripino. Minha mãe também contava que sempre ganhava cestas básicas em datas comemorativas e isso era sempre liderado por ele, até o berço de quando era bebê foi doado por ele”.
Para a mãe, a filha ser aluna da universidade do Professor Agripino é providência de Deus. “De certa maneira o Professor Agripino ainda está fazendo parte da nossa história. Minha filha está aqui na universidade. Para mim, não tem explicação. O ‘seu’ Agripino faz muita falta para todos nós”.
Campeonato Paulista
O Campeonato Paulista de Paranatação de Inverno 2023 acontecerá no próximo fim de semana na piscina olímpica do Centro de Treinamento Paraolímpico, em São Paulo. Na programação oficial do evento são dois dias de atividades. Na sexta-feira (14), os paratletas participarão de avaliação da classificação funcional e reconhecimento da piscina. No sábado (15), a programação inicia com aquecimento, em seguida o início da primeira e segunda etapas.
A técnica de natação paralímpica da Secretaria de Esportes de Presidente Prudente e ex-aluna do curso de Educação Física, Micheline Cardoso Pereira, explica que os treinos seguem uma rotina intensa. “Eles treinam de segunda a sábado na piscina e musculação 3 vezes na semana. Fazemos periodização de treinamento para competições alvo da melhor performance deles. O Campeonato Paulista é organizado pela Federação Aquática Paulista e estaremos presentes com 25 paratletas com deficiência física, visual ou intelectual”.
Por fim, a técnica pontua a evolução da aluna de Educação Física. “O ingresso da Dayara na universidade contribuiu com a rotina de treinos, pois ela amadureceu e consegue entender melhor o trabalho. Está sendo maravilhoso”, finaliza.
Dayara ao lado do diretor geral da Unoeste, Dr. Cesar Lima (Foto: Ector Gervasoni)
