Natação Paralímpica de Prudente conquista 40 medalhas em SP
Equipe prudentina ainda conquistou três recordes paulistas, subiram uma posição na classificação geral por equipe, mostraram resistência, amor pela vida e a chance de novas perspectivas
Campeonato Paulista de Paranatação de Inverno 2023 foi realizado no último fim de semana em São Paulo (Foto: Giovanna Guessada)
Irene Aparecida é paratleta da Associação Paradesportiva do Oeste Paulista (Apop). Deficiente visual, acometida pelo glaucoma, ela conta que no esporte encontrou uma nova perspectiva de vida. “Eu perdi o amor pela vida e o esporte me trouxe resistência”. Irene é uma dos 25 paratletas da Apop que estiveram em São Paulo para o Campeonato Paulista de Paranatação de Inverno 2023. Para ela, que foi aluna da terceira turma do curso de Direito da Unoeste, o esporte é um novo momento de sua vida. “O esporte me trouxe resistência, amor pela vida e, agora, eu quero seguir com alegria, com amor e muito carinho. Para mim, é muito importante estar de novo com a Unoeste, fui aluna da universidade e agora estamos juntos no esporte”.
Além de Irene, Luiz Moreno e Dayara Cardoso foram mais dois paratletas que representaram o Oeste Paulista na competição. Luiz conta que após praticar alguns esportes como vôlei e judô, sendo que este último praticava desde os cinco anos de idade, sofreu um acidente em uma piscina e fraturou o pescoço. “Para não cair em cima do enteado do meu pai, eu acabei caindo de mal jeito e perdi todo o movimento do meu corpo. Quando fui resgatado, já foi constatado o trauma na cervical e, consequentemente, na medula”. Devido ao impacto, o jovem perdeu os movimentos e a sensibilidade por alguns meses. “Foram muitos anos de fisioterapia, reabilitações e cirurgias. Hoje, estou voltando a fazer atividade física”.
Luiz conta que no esporte e na natação encontrou uma forma de voltar tanto ao bem-estar de vida como também de voltar a competir. “Sempre participei de competições, fiz judô, migrei para o vôlei, fui campeão brasileiro e agora estou regressando com o espírito de atleta na natação”.
Além de paratleta, Dayara Cardoso também é aluna do curso de Educação Física da Unoeste e em depoimento, conta que a natação foi um divisor de águas em sua vida. “Através da natação, meus olhos se abriram para mim e hoje não existe dificuldade. Antes eu achava que não podia fazer algumas coisas, mas, hoje eu vejo que a deficiência é só um toque, sou muito feliz da forma que sou. Creio que Deus me fez de um jeitinho especial e levo isso com toda naturalidade possível. Hoje, também faço parte da Unoeste, sou aluna de Educação Física e sou muito feliz de ser dessa família”.
Para a técnica da equipe, Micheline Cardoso Pereira, a competição foi excelente e a conquista das medalhas e recordes paulistas compensaram todo o esforço aplicado nos treinos. “Nosso trabalho é intenso, treinamos de segunda a sábado na piscina e musculação três vezes na semana. Fazemos periodização de treinamento para competições alvo da melhor performance dos nossos paratletas. A competição reuniu diversos paratletas de 27 equipes. Nós, de Prudente, ganhamos 40 medalhas, batemos três recordes paulistas e subimos um degrau na classificação por equipe, uma vez que nossa melhor colocação no Campeonato Paulista de Inverno era a 5ª e, agora, conquistamos a 4ª colocação. A competição foi excelente!”, pontua.
A educadora física formada pela Universidade do Oeste Paulista destaca que a parceria com a universidade contribui para ações no esporte. “O apoio da Unoeste vem somar muito ao trabalho que estamos fazendo no paradesporto e conseguimos sonhar ainda mais alto tendo uma parceria dessa magnitude”.
Envolvimento Acadêmico
A parceria entre a associação de paradesporto e a universidade vai além da entrega de materiais para os treinos e competições. Atualmente, estão envolvidos os cursos de graduação da área da saúde, de Fisioterapia e Nutrição que acompanham os paratletas e toda a equipe, uma via de mão dupla entre o bem-estar e o preparatório dos paratletas e alunos em processo formativo. As ações comtemplam a responsabilidade social da 2ª melhor universidade particular do estado de São Paulo.
De acordo com a coordenadora do curso de Nutrição, Marilda Moreira da Silva, a ação do curso no projeto é iniciada pela avaliação nutricional dos paratletas. “A partir daí, é feita uma orientação individualizada de acordo com a necessidade de cada um e é prescrito um plano alimentar de acordo com o tipo de treino, a rotina do atleta, as necessidades de cada um deles. As ações são voltadas e tem como objetivo não só melhorar o rendimento do atleta, mas, a melhora de toda a qualidade de vida da pessoa, procurando também que sejam minimizados os níveis de estresse que os treinos implicam”, explica.
Já o professor responsável pela orientação dos alunos do curso de Fisioterapia no projeto, Everton Alex Carvalho Zanuto, os alunos realizam três atendimentos semanais. “Estamos com duas alunas, Jenifer e Giovana. Elas fizeram a avaliação inicial para verificar a capacidade física e a composição corporal para posteriormente desenvolverem um treinamento para o fortalecimento de alguns músculos específicos. Essas ações são voltadas para a prevenção de lesões com TRX [Total-body Resistence Exercise] ou exercício de resistência para todo o corpo, além de liberação miofascial, que serve para prevenir e/ou aliviar dores musculares”, explica o docente.
Campeonato Paulista de Paranatação de Inverno 2023 foi realizado no último fim de semana em São Paulo (Foto: Giovanna Guessada)
