Medicina debate a violência e exploração sexual de crianças
Ação envolvendo estudantes é voltada para instruir futuros médicos sobre lidar com tais situações e ajudar na prevenção
Dra. Renata Coimbra: avanços e obstáculos em diversos níveis (Foto: Cedida)
Seminário e exibição de filme inseriram estudantes de Medicina da Unoeste no debate do Maio Laranja, relacionado ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, transcorrido em 18 de maio. Dia em que os idealizadores e organizadores da Campanha Faça Bonito, desenvolvida na Unoeste, promoveram o seminário que teve o filme “Se eu contar, você me escuta?” como um segundo momento, exibido na noite de terça-feira (13) desta semana no Teatro Universitário César Cava.
Ação que tem por objetivo contribuir com a formação de futuros profissionais médicos quanto à conduta e manejo de casos de violência e exploração sexual, em especial de casos infantis; conforme consta do cadastro na Pró-reitoria de Extensão e Ação Comunitária (Proext). A exibição em Presidente Prudente foi programada com transmissão para os campi de Jaú e Guarujá; incluindo o debate final das questões mais relevantes com a diretora do filme Dra. Renata Coimbra, pesquisadora e ativista sobre o tema.
Ainda há obstáculos
“A realização de eventos referentes ao dia 18 de maio é fundamental para promovermos a conscientização dos casos de violência sexual que ainda afetam crianças e adolescentes em nosso país. Há 23 anos a data foi instituída e mantemos a importância da mesma, pois apesar de avanços no enfrentamento das formas de abuso e exploração sexual, ainda nos defrontamos com obstáculos em diversos níveis, com o incremento da tecnologia e com as dificuldades de protegermos as crianças expostas nessa situação”, comentou a Dra. Renata.
Conforme ela, as dificuldades decorrem de situações como subnotificação, impunidade dos violadores, complacência da sociedade com os crimes sexuais cometidos contra essa população e falta de articulação dos profissionais que atuam no Sistema de Garantia de Direitos (SGD), e que devem atuar de forma articulada. O filme discute violações e exploração sexual vivenciada por oito meninas de uma cidade do interior paulista; de acordo com uma das organizadoras da ação, a professora mestre da Faculdade de Medicina de Prudente, Selma Alves de Freitas Martin.
Dr. Murilo: importância dos profissionais de saúde na prevenção (Foto: Cedida)
Condições de prevenção
Para a professora, é de suma importância a discussão de temas sobre vulnerabilidades vivenciadas por crianças e adolescentes, com o objetivo de qualificar os estudantes (futuros médicos) e profissionais para o atendimento e encaminhamento adequado para a rede de proteção, de modo que esta aconteça de fato e de direito. A ação também foi aberta para médicos de programas de residência médica do Hospital Regional (HR) Domingos Leonardo Cerávolo. Outro organizador foi o médico pediatra Dr. Murilo Sabbag Moreti.
Na condição de coordenador do Ambulatório de Atendimento a Crianças em Situação de Violências, no HR, o Dr. Murilo afirmou que profissionais de saúde que atuam com crianças e adolescentes são extremamente importantes na prevenção da violência sexual contra essa população. “Uma consulta cuidadosa em um pronto-socorro, consultório, UBS ou ESF e com atenção aos sinais típicos dessa violência pode ser uma oportunidade para o reconhecimento e encaminhamento dos casos”, pontuou ele.
Assistência e proteção
“Sensibilizar esses profissionais sobre esse assunto negligenciado nas formações inicial e continuada dos mesmos é um passo importante para que os casos cheguem ao poder judiciário e a criança ou adolescente receba a assistência e proteção necessárias”, encerrou o Dr. Murilo, que junto com a professora Selma e alunos da Liga de Pediatria, presidida por Mila Maria Ponteli de Souza Hauy e que tem como vice Julia Dolovet Fidelis de Oliveira, realizaram a campanha Faça Bonito.
