20/06/2023

Evento debate infecção em pessoas com câncer e doenças raras

Encontro regional envolve profissionais de diferentes especialidades para alinhar diagnóstico e tratamento

Encontro regional sobre imunodeficiências secundárias (Foto: Cedida)

O 1º Workshop de Imunodeficiências Secundárias do Oeste Paulista, promovido pelo mestrado em Ciências da Saúde e Faculdade de Medicina da Unoeste, teve debate voltado ao alinhamento entre profissionais de diferentes especialidades para ajustar o diagnóstico e tratamento de pacientes oncológicos ou com doenças autoimunes graves tratados com drogas imunossupressoras que evoluem com imunodeficiência secundaria; infeções graves e morte. A realização teve a colaboração da Sociedade de Medicina de Presidente Prudente e do Laboratório de Análises Clínicas Unilab.    

Conforme o professor pesquisador Dr. Luiz Euribel Prestes Carneiro, o diagnóstico precoce e tratamento com antibióticos profiláticos ou a reposição de imunoglobulina para aqueles que passam a perder esses anticorpos antes, durante ou depois do tratamento, pode representar a sobrevida desses pacientes. Essa situação e o fato de que Presidente Prudente é um grande centro médico regional motivou o evento realizado no sábado (17), na Casa do Médico.

Específicos e eficientes

Prudente possui hospitais terciários como o Regional, Santa Casa, Iamada e Nossa Senhora das Graças; além do Hospital de Esperança, concentrando a grande maioria desses profissionais e pacientes. Participaram profissionais do oeste de São Paulo e do estado do Paraná, de diferentes especialidades, tais como hematologistas, oncologistas, reumatologistas, imunologistas, infectologistas e pediatras em suas diferentes subespecialidades – hematologia, endocrinologia e UTI pediátricas.

“Pacientes portadores de certos tipos de câncer, especialmente os onco-hematológicos, portadores de tumores sólidos como os linfomas ou não sólidos como as leucemias ou ainda aqueles transplantados de medula óssea, ou pacientes com doenças autoimunes graves, são tratados com medicamentos cada vez mais específicos e eficientes no controle ou mesmo na cura da doença. No entanto, podem produzir um quadro de imunossupressão transitória ou permanente levando a quadros infecciosos graves”, explica do Dr. Euribel.

Problema com infecção

“A maioria dessas drogas agem sobre as células produtoras de anticorpos, os Linfócitos B, neutralizando total ou parcialmente sua ação. Os anticorpos são importantes agentes do sistema imune responsáveis pela nossa defesa contra vírus, bactérias, fungos ou parasitas. A diminuição dos níveis de anticorpos causa imunossupressão nos deixando vulneráveis a agentes infeciosos. Em alguns tumores tratados com esses imunossupressores, as infecções representam 50% da causa de morte do paciente, portanto, devem ser diagnosticadas e tratadas precocemente”, afirma.

O Dr. Euribel diz que no mundo todo há um aumento no número de pessoas diagnosticadas com tumores hematológicos e com doenças autoimunes graves, em parte pelo trabalho em especial de hematologistas, oncologistas, reumatologistas, nefrologistas e imunologistas no rastreio dos pacientes, mas também nos métodos diagnósticos cada vez mais disponíveis. Por outro lado, há um arsenal cada vez maior de novos tratamentos, especialmente os chamados ‘biológicos’ ou anticorpos monoclonais, e também um grande número de quimioterápicos e drogas imunossupressoras, usadas isoladamente ou em conjunto com os biológicos.

Participantes do encontro realizado na Casa do Médico (Foto: Cedida)

Centro de referência

“Como os tratamentos podem produzir grande diminuição de imunoglobulinas (hipogamaglobulinemias), que são chamadas imunodeficiências secundárias, uma vez que o indivíduo não nasceu assim”, pontua. “Por serem tratamentos muito recentes, ainda há muitas duvidas de como diagnosticar e tratar esses pacientes que podem evoluir com perda da função do sistema imune. Baseado em protocolos de países desenvolvidos e que apresentam diferenças entre eles. No encontro discutiu-se como o diagnostico e tratamento das hipogamaglobulinemias podem ser padronizados e aplicados em nossa região”, conta.

Outra informação é de que esses conhecimentos são extremamente novos, sendo que a reunião desses profissionais e a interação entre eles, na troca de experiências e informações, pode tornar o oeste paulista um centro de referência para as imunodeficiências secundárias. “Certamente uma ideia ousada, por estarmos longe de tudo e de todos [em relação aos chamados grandes centros do país], mas o empenho e o entusiasmo de cada participante é que poderá tornar isso possível”, prevê.


Legenda: Encontro regional sobre imunodeficiências secundárias
Créditos: Cedida
Legenda: Participantes do encontro realizado na Casa do Médico
Créditos: Cedida