02/12/2021

Estudo aponta necessidade de ações de saúde em penitenciária

Artigo "Soroprevalência e determinantes sociais de sífilis em uma penitenciária feminina do interior do estado de São Paulo" foi publicado no Boletim Epidemiológico Paulista

Participantes foram submetidas ao teste rápido de sífilis (Foto: João Paulo Barbosa)

 

Estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), em parceria com a Diretoria Regional de Saúde (DRS-11), buscou estimar a prevalência da sífilis em mulheres privadas de liberdade na penitenciária feminina de Tupi Paulista, no interior do estado de São Paulo. A pesquisa foi publicada no Boletim Epidemiológico Paulista e aponta que 5,5% da população participante do estudo testaram positivo, comprovando a necessidade da realização de medidas preventivas e assistenciais que devem ser planejadas por gestores numa perspectiva humanizada.

A sífilis é uma Doença Sexualmente Transmissível (DST) curável. Além de ser transmitida no ato sexual sem uso de preservativos, também pode passar para a criança durante a gestação ou parto. De acordo com o estudo, foi encontrado a prevalência de soropositividade do teste treponêmico para sífilis em 16 mulheres do grupo de reeducandas, num total de 289 participantes. O uso de drogas foi o único fator que apresentou correlação significante. A capacidade da unidade carcerária é de 708 reclusas, e durante o estudo mantinham 1.373 com idades entre 25 e 39 anos, segundo dados da SAP.

Para a professora doutora Édima De Souza Mattos, coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (NATS/FAMEPP) e do grupo responsável pelo desenvolvimento da pesquisa, existe a necessidade de planejar e executar medidas que contribuam com a melhoria da saúde da população carcerária. “Os resultados dessa pesquisa revelam o “retrato” da população carcerária feminina, pois demostram vários aspectos sociais como a escolaridade, habitação, emprego/renda, etnia e mapa das condições de saúde numa penitenciária.  Os dados revelados corroboram que determinantes sociais e saúde estão intrinsicamente ligados no âmbito social humano”.

Ainda, para a professora, o estudo e sua publicação no boletim proporcionam uma relação de aproximação entre profissionais e essa parcela da população carcerária feminina. “A troca de experiência do mundo real e conscientização sobre a corresponsabilidade de gestores, profissionais da saúde e da sociedade comprova as desigualdades sociais existentes no ambiente carcerário. Por ser pouco pesquisado, ocorre o obscurantismo da realidade das presidiárias. Portanto, é de suma relevância a publicação dos resultados dessa pesquisa numa revista de projeção nacional centrada em epidemiologia, foco desse trabalho”.

A professora afirma que estão previstas a realização de atividades de Educação em Saúde, que serão ministradas por alunas do curso de Medicina com a orientação de professores e faz o agradecimento aos colaboradores: o médico Dr. Paulo Eduardo Mesquita, o farmacêutico do Hospital Regional (HR) Adriano Messias de Souza, a professora Elaine Dornelas e Maria do Carmo Souza Cruz, da DRS-11. 

Serviço – O trabalho completo “Soroprevalência e determinantes sociais de sífilis em uma penitenciária feminina do interior do estado de São Paulo” pode ser encontrado na edição 215 do Boletim Epidemiológico Paulista, neste link.

Envolvidos no projeto: alunas, professores da Unoeste e profissionais do HR e DRS-11 (Foto: Cedida/Arquivo)

 


Legenda: Participantes foram submetidas ao teste rápido de sífilis
Créditos: João Paulo Barbosa
Legenda: Envolvidos no projeto: alunas, professores da Unoeste e profissionais do HR e DRS-11
Créditos: Arquivo/Cedida