15/02/2023

Escola Democrática oferece educação para a vida e cidadania

Pesquisa sobre processos formativos e os desafios desse movimento constata o real protagonismo do estudante

Juliana Antoniassi Moreno: aprovada mestre em educação (Foto: Homéro Ferreira)

 

Amparado em pesquisa bibliográfica e sustentado em pesquisa de campo, estudo de caso sobre processos formativos e os desafios da Escola Democrática evidência que esse movimento proporciona educação para a vida e à plenitude da cidadania. Um dos motivos determinantes é o real protagonismo do estudante. É um tipo de escola que tem a comunidade estudantil integralmente envolvida na gestão e na qual todos os espaços são utilizados para aprendizagem, sem a divisão de classes e séries como acontece nas escolas tradicionais, com a participação dos alunos em tudo, inclusive na organização e limpeza dos ambientes.

O estudo foi desenvolvido pela pedagoga Juliana Antoniassi Moreno, também licenciada em história e especialista em práticas textuais, com a orientação da Dra. Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos. A dissertação foi levada à defesa pública nesta segunda-feira (13) na Unoeste, no Programa de Pós-Graduação em Educação; com avaliação e aprovação pela Dra. Raquel Rosan Christino Gitahy, da própria universidade, e Dr. João Batista Bottentuit Junior, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico do Maranhão (Fapema).

“As escolas democráticas são aquelas onde as regras são feitas por toda a comunidade, onde os estudantes definem suas trajetórias de aprendizagem”, disse a autora do estudo ao iniciar a apresentação para a banca examinadora. Outro apontamento inicial foi sobre o fato de que a escola cumpriu bem a demanda da Idade Moderna, mas que atualmente está ultrapassada e ineficiente; apresentando sérios problemas, tais como alto índice de evasão, violência no espaço escolar, atritos e ruídos. O movimento para renovação da educação tem raízes em 1857, quando o escritor russo Liev Tolstói (1828-1910) instalou uma escola em sua casa, para alfabetização de crianças.

Protagonismo na aprendizagem

Ao longo dos anos, a ideia da educação democrática se espalhou pelo mundo, com maior adesão na Europa e com a referência histórica da Escola da Ponte, instalada em 1976 em Portugal. O estudo de caso por Juliana ocorreu em escola de pequeno porte, em São Paulo - capital, estruturada em uma casa de dois andares e com 54 alunos. Tutores e estudantes, onde cuidam de tudo em conjunto, através da roda do dia, comissões, assembleias e fóruns para solução de conflitos. Os processos formativos ocorrem com os ateliês do conhecimento (fichas de aprendizagem), grupo de estudo e pesquisas individuais, incluindo os conteúdos do ensino básico e temas da atualidade.

Sobre os processos formativos, dentre as constatações estão as de que ultrapassam o mero conhecimento; a formação para a vida em sociedade; as tomadas decisões importantes no dia a dia escolar, pensando as consequências das decisões, desenvolvendo atitudes que estimulam a democracia e a habilidade de resolver problemas; e o protagonismo no processo de aprendizagem, resultando em formação crítica, reflexiva e atuação social. Dentre os desafios, o maior é voltado à questão financeira, por ser escola particular que mantém política de bolsa para pelo menos 1/3 dos alunos, visando a sustentação de uma comunidade escolar diversa.

Vida, cidadania e mercado

Na avaliação do Dr. João, que já esteve na Escola da Ponte, o estudo foi a oportunidade para conhecer experiência similar no Brasil. Ao elogiar a dissertação e apresentação, fez alguns apontamentos significativos: a liberdade do uso de celular para pesquisa; e a preparação para a vida, cidadania e mercado de trabalho.  Para o Dra. Raquel, o estudo é pertinente em repensar a educação, considerando que a escola tradicional deixou de impactar na vida dos alunos em relação à cidadania, nas quais os alunos são consumidores e não produtores de informação; resultando em um abismo imenso entre a formação do aluno e o que a sociedade deseja.

A Dra. Danielle fez várias considerações elogiosas ao estudo e aos membros da banca, com destaque para o fato de Juliana ter construído sua formação profissional e continuada integralmente na Unoeste: Pedagogia, História, especialização e mestrado; com o estímulo para que faça o doutorado em educação. “A Unoeste tem sido a minha segunda casa”, disse Juliana sobre o tempo de estudos e a acolhida na instituição, onde está propensa a fazer o doutorado; o que deve ocorrer em breve; assim que ajustar o novo desafio de sua carreira: o de diretora recém convocada por concurso e empossada na Escola Municipal Professora Vilma Alvarez Gonçalves, no jardim Cambuci, zona leste de Presidente Prudente.


Legenda: Juliana Antoniassi Moreno: aprovada mestre em educação
Créditos: Homéro Ferreira