17/10/2023

Enaens e Enaext debatem impactos da inteligência artificial

Com troca acadêmico-pedagógica, encontros anuais de ensino superior e extensão discutem ferramenta já considerada um "caminho sem volta" e seus reflexos na aprendizagem, futuro do ensino e na sociedade

O professor doutor Ronaldo Celso Messias Correia, especialista em tecnologia educacional, durante sua participação no 20º Enaens (Foto: Emerson Sanchez)

 

Visando promover o intercâmbio de trabalhos científicos e amplificar os conhecimentos dentro da academia, estimulando assim o ensino e a extensão de uma forma mais efetiva, essa semana tem sido importantíssima na Unoeste com a realização da 28ª edição do Encontro Nacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Enepe) que começou ontem (16). E neste segundo dia (17), outros dois importantes encontros que habitualmente constituem o megaevento acadêmico tiveram suas conferências de abertura realizadas no Auditório Azaléia, que fica no Bloco B3 do campus 2 de Presidente Prudente. Foram eles: o 20º Encontro Anual de Ensino Superior (Enaens) e o 21º Encontro Anual de Extensão (Enaext). Ambos foram transmitidos no canal da universidade disponível na plataforma Youtube, com acessibilidade em Libras. A tradução simultânea foi das intérpretes de Libras Lucinete Aparecida da Silva Gonçalves, Adverilda Alexandre da Silva Costa e Miriã Viana de Souza Moraes.

O tema central do Enepe neste ano é “Inteligência humana e artificial: impacto na formação e na sociedade”. O mote se dá porque apesar do estágio avançado da inteligência artificial, com programas que elaboram textos, imagens e respostas a partir das orientações (inputs) dos humanos, ainda há uma legião de educadores e profissionais de diversas áreas analisando e discutindo possíveis impactos de seu uso na formação, desenvolvimento e evolução da inteligência humana.

Nessa frente o Enepe está apresentando e discutindo as novas possibilidades que o uso da inteligência artificial pode representar para a educação e a sociedade; também como a ampliação do uso da tecnologia e da inteligência artificial, em particular, na educação, no trabalho e em outras atividades pode repercutir no desenvolvimento da inteligência humana, principalmente nos jovens, nas fases iniciais e intermediárias de formação; e ainda discutindo estratégias para o uso da inteligência artificial como ferramenta das metodologias ativas de ensino-aprendizagem no ensino superior, ampliando a formação e desenvolvimento dos futuros profissionais.

Não à toa o 20º Enaens e o 21º Enaext, trazem temas muito semelhantes. Enquanto o Enaens discute a “Inteligência artificial e o futuro do ensino e aprendizagem”, o Enaext aborda a “Inteligência artificial e seus impactos sociais”. Participam ativamente das discussões os pró-reitores Dr. José Eduardo Creste (Acadêmico) e Dr. Adílson Eduardo Guelfi (Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Ação Comunitária), além da coordenadora pedagógica da Unoeste e da Comissão Própria de Avaliação (CPA), professora Aparecida Darcy Alessi Delfim, e coordenadores e diretores de cursos.

20º Enaens

Na conferência de abertura do 20º Encontro Anual de Ensino Superior, dedicado a professores e coordenadores do ensino superior e realizada pela manhã, o conferencista responsável por debater o tema “Inteligência artificial e o futuro do ensino e aprendizagem” foi o professor Doutor Ronaldo Celso Messias Correia, da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp de Prudente. A mediação com o renomado especialista em tecnologia educacional foi feita pela professora Cristiane Maciel Rizo.

Primeiramente, o professor doutor Ronaldo agradeceu ao convite feito pela professora Darcy, de quem foi aluno nos tempos da faculdade. Depois, ele iniciou sua fala afirmando que a inteligência artificial está desempenhando um papel crucial na personalização da educação superior. “Ela permite que as instituições ofereçam experiências de aprendizagem, mais adaptadas às necessidades dos alunos. Isso inclui a criação de currículos sob medida, sistemas de tutorial virtual e análises preditivas para melhorar o desempenho acadêmico dos alunos”, considerou.

Apesar dos prós, o especialista também ressaltou que as instituições de ensino superior têm enfrentado alguns desafios ao implementar a inteligência artificial em seus programas. “Um dos principais desafios é garantir que a inteligência artificial seja usada de maneira ética e transparente. Também enfrentamos questões de privacidade dos alunos e a necessidade de capacitar professores e coordenadores para aproveitar ao máximo as ferramentas desse tipo de inteligência. Além disso, é importante garantir que a inteligência artificial não substitua completamente a interação humana e a experiência educacional”, listou.

Aos professores e coordenadores que acompanhavam o Enaens, ele deu alguns conselhos para que abracem a inteligência artificial como uma ferramenta produtiva no ensino superior. “É importante estar aberto a aprender sobre tecnologia e suas implicações na educação superior. Além disso, trabalhar em equipe e colaborar com especialistas em tecnologia pode ser muito valioso. A integração cuidadosa da inteligência artificial nas práticas educacionais pode melhorar significativamente a experiência dos alunos e a eficiência das instituições”, disse, acrescentando ainda a importância das instituições de oferecerem treinamento adequado para que os docentes aproveitem ao máximo a inteligência artificial em suas salas de aula.

Doutor Ronaldo falou sobre a preocupação com a privacidade de dados dos alunos e como as instituições podem garanti-la diante do uso da inteligência artificial. “A privacidade dos dados é uma prioridade. As instituições devem implementar políticas rigorosas de segurança de dados e conformidade com regulamentações, como a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados]. Além disso, é importante educar os alunos sobre como seus dados serão usados e garantir total transparência”.

Por fim, se aprofundou na aprendizagem on-line, dizendo que esse tipo de inteligência melhora a qualidade e acessibilidade da Educação a Distância (EAD). “A inteligência artificial está tornando a aprendizagem on-line mais adaptativa e personalizada. Ela oferece recomendações de conteúdo com base no desempenho do aluno, tornando o aprendizado mais eficiente, sem contar que a inteligência artificial pode fornecer suporte em tempo real, tornando a aprendizagem à distância mais acessível e eficaz”, encerrou o professor que hoje coordena o Laboratório de Pesquisa em Computação Aplicada (Lapesca), realizando projetos de desenvolvimento e pesquisa para a faculdade e colaboradores.

 21º Enaext

Já na conferência de abertura do 21º Encontro Anual de Extensão, realizada nesta tarde, o tema “Inteligência artificial e seus impactos sociais” ficou a cargo da professora doutora Ilka Márcia Ribeiro de Souza Serra, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). A mediação foi feita pela professora da Faculdade de Ciências, Letras e Educação de Presidente Prudente (Faclepp), Janiele de Souza Santos Uchelli. Em seu momento de explanação, a professora abordou as potencialidades e desafios dessa tecnologia que está transformando os modos de ensinar, aprender e viver, além de relacionar, se comunicar e elaborar o pensamento.

Para ela, estamos diante de uma nova comunicação entre as gerações humanas. “Penso que estamos diante de um modelo de ruptura na Educação e precisamos estar preparados para essa forte influência que teremos e já estamos tendo no contexto educacional”, explicou. A doutora Ilka não acredita que a inteligência artificial vai promover o que muitos pessimistas acreditam, de que nos tornaremos seres menos pensantes. “Isso nunca. O que está sendo revolucionado no mundo tecnológico e que impacta a sociedade e consequentemente a educação tem uma forte tendência para aspectos positivos, no entanto são essas competências digitais que alunos e professores precisam se preparar”. Dessa maneira, ela acredita que a inteligência artificial, se bem usada e empregada, pode sim ser uma excelente aliada na construção de seres pensantes. “Esse é o ponto que precisamos fomentar como educadores, o potencial da inteligência artificial para uma imprescindível interação humana”, emendou.

Atuante nas áreas de Agronomia e Biologia, a professora é doutora em Fitopatologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, pós-doutora em Educação e Tecnologias, pela Universidade de Coimbra, em Portugal, e atualmente ocupa o cargo de pró-reitora de Extensão e Assuntos Estudantis da UEMA. É também editora-chefe da Revista Científica TICs & EaD e da Video Journal of Social and Human Research, e pesquisadora produtividade da UEMA, atuando em dois programas de mestrado da universidade atualmente: o Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade (PPGECB) e o Programa de Pós-graduação em Educação Inclusiva (PROFEI).

Por fim, ela revelou que ficou feliz em receber o convite da Unoeste para participar do Enepe 2023 na condição de conferencista do Enaext. “Até por saber que a Unoeste é uma grande universidade no Brasil. Fico feliz da partilha de um assunto tão emergente e que precisa ser tão discutido, pesquisado, fomentado nas nossas universidades. Mas, assim como a inteligência artificial pode trazer inúmeras vantagens, como praticidade, velocidade e qualidade dos serviços, também esbarra em questões éticas, morais e sociais e pode oferecer riscos, caso seja usada irresponsavelmente ou para fins negativos”, ponderou.

28º Enapi

Logo mais à noite, começa um terceiro evento importante dentro do Enepe. Trata-se do 28º Encontro Anual de Pesquisa Institucional e Iniciação Científica (Enapi). Será a partir das 19h30, no mesmo local: Auditório Azaleia Bloco B3, campus 2 em Prudente. O tema central "Interfaces e inteligências: disruptura e atualidades" será conduzido pelo professor Doutor Alexandre Cardoso, da Universidade de Federal de Uberlândia (UFU), com mediação do professor Doutor Robson Augusto Siscoutto, da Faculdade de Informática de Presidente Prudente (Fipp). O Enapi também terá transmissão on-line no canal da universidade disponível na plataforma Youtube. Para acompanhar, clique aqui.

 

A professora doutora Ilka Márcia Ribeiro de Souza Serra, da Universidade Estadual do Maranhão, durante sua participação no 21º Enaext (Foto: Emerson Sanchez)

 


Legenda: O professor doutor Ronaldo Celso Messias Correia, especialista em tecnologia educacional, durante sua participação no 20º Enaens
Créditos: Emerson Sanchez
Legenda: A professora doutora Ilka Márcia Ribeiro de Souza Serra, da Universidade Estadual do Maranhão, durante sua participação no 21º Enaext
Créditos: Emerson Sanchez