Atuação acadêmica no Hospital Santo Amaro gera benefícios
Parceria com Unoeste estimula atualização e atendimento humanizado em um dos principais hospitais da Baixada Santista
Alunos da Medicina Unoeste acompanham Dr. Hermano nos atendimentos de pacientes internados (Foto: Mariana Tavares)
O Hospital Santo Amaro de Guarujá é referência na região metropolitana da Baixada Santista e recebe uma média de 900 internações por mês. Em 2018, a unidade passou a atender exclusivamente aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e tornou-se hospital ensino por meio da parceria com a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Com essa união, o local passou a ser um importante campo de aprendizagem e os benefícios contemplam todos os envolvidos, como estudantes, equipe multidisciplinar e principalmente os usuários do serviço de saúde.
O Dr. Hermano de Mattos Boechat Poubel é médico infectologista do hospital e preceptor dos alunos da Medicina Unoeste. Segundo ele, a presença de alunos é um avanço. “Estimula os preceptores a manterem-se atualizados, sendo sempre um desafio a mais, uma vez que estudantes sempre são questionadores e muitas vezes bem atualizados. Em relação aos pacientes, eles ficam bem satisfeitos pois recebem atenção adicional, mais alguém para escutá-los, o que faz muita diferença para uma população tão carente quanto a assistida por nossa instituição”, comenta.
Para o infectologista, a chegada do curso médico era muito esperada no hospital. “Embora ainda não tenhamos começado as atividades do internato, vislumbro uma melhora na prestação de serviços médicos, aos nossos usuários, na medida que as atividades acadêmicas avançam no âmbito da instituição. Alunos são observadores, críticos, questionadores… No contexto geral, vão promover um salto de qualidade assistencial”, destaca o médico preceptor.
Com 214 leitos para internação, além de 49 leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo 40 para adultos, três na ala pediátrica e seis no neonatal, no Santo Amaro as atividades acadêmicas iniciam no 5º termo do curso médico, nas áreas de clínica médica e infectologia. Conforme a coordenadora da graduação, Dra. Erika Magalhães Suzigan, a inserção na unidade começa com a disciplina Doenças Infecto Parasitárias (DIPs) e o Programa de Práticas Médicas. Explica que o programa é voltado à técnica, em que o estudante realiza o exame físico, colhe a história do paciente, entre outros procedimentos. “Já nas DIPs, eles têm a oportunidade de fazer a correlação do que há de alterações na comunidade que ocasionaram a doença e fizeram com que fossem internados. Isso é o mais importante da disciplina e é discutido durante as aulas”.
De acordo com a Dra. Erika, o hospital Santo Amaro recebeu a Unoeste com carinho e expectativa, visualizando na parceria uma oportunidade de aprimorar o serviço em saúde. “Eles sempre estão de portas abertas para a universidade, então com muito cuidado escolhemos os momentos, os preceptores para acompanhar os alunos e preservar os pacientes. É uma parceria que está dando muito certo, com retorno positivo tanto da equipe do hospital quanto dos próprios alunos”, conta. As atividades continuam até o 8º termo do curso e percorrem ainda as áreas de clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia e geriatria.
Na prática
O Dr. Hermano conta que as turmas são divididas em duplas e cada uma tem a atribuição de elaborar uma história clínica de um paciente, previamente escolhido, seguida de exame clínico e análise de itens do prontuário como prescrição e principais exames. “Após essa atividade a beira leito, todo e grupo se dirige a uma sala onde cada um expõe o seu caso clínico, sendo discutido o contexto com o preceptor.
Maria Fernanda Pontelli, aluna do 7º termo, destaca que a rotina de atividades práticas desde o 1º termo é de extrema importância para a futura profissão. “Temos maior convívio com os pacientes e isso nos aproxima do dia a dia da profissão e das responsabilidades. Também nos prepara melhor para que possamos acolher as pessoas com todo cuidado e da melhor maneira possível. A nossa evolução é sempre muito positiva, conseguimos nos tornar mais humanos, mais cuidadosos, e ter mais experiências em diversas áreas durante a faculdade”, destaca.
No Santo Amaro, a acadêmica pontua que as atividades ampliam a visão sobre como lidar com o paciente em ambiente hospitalar e ganham mais segurança das informações que precisam para chegar a uma hipótese diagnóstica. “Fazemos o exame físico em todas as suas etapas. Logo depois voltamos para a sala do nosso preceptor e discutimos o caso do paciente, um possível diagnóstico, vemos os exames, exames de imagens e discutimos a melhor conduta para ele”.
Maria Fernanda salienta ainda que todos os casos são “especiais” para ela, mas neste período em que esteve no hospital recorda com carinho de uma paciente. “É uma senhora, muito querida, que chegou ao hospital por alguns sintomas, e depois que fizemos a anamnese, eu e minha colega, que é sempre minha dupla nas práticas, acabamos ajudando a descobrir mais outros sinais e sintomas dela, assim conseguimos ajudar na melhor conduta para ela”, compartilha.
Atendimento completo
A coordenadora da Medicina Unoeste Guarujá lembra que desde o 1º termo os alunos têm a oportunidade de acompanhar os pacientes em diferentes cenários, da atenção básica à alta complexidade, como no caso de um doente que precisa de internação. “Essa cascata de complexidade mostra ao futuro profissional o que ele pode trabalhar de prevenção na atenção primária, as doenças que podem ser tratadas nas Usafas e quando há necessidade de abordar também na unidade hospitalar. Esse contraste é muito importante, de reconhecer as diferenças, e nossos alunos estão em contato com diversos estados de saúde. Isso é um diferencial, pois outras escolas médicas, normalmente, somente oferecem essa vivência aos estudantes nos últimos anos, quando chegam no internato”, completa.
Após exame clínico beira leito, estudantes se reúnem com o preceptor para analisar a melhor conduta do paciente (Foto: Mariana Tavares)
