25/08/2023

Anemia Falciforme: palestra envolve a Medicina e Biomedicina

Durante a atividade foi anunciada a idealização de um projeto para instalação de ambulatórios de assistência e de pesquisa dentro da Unoeste, para atender pacientes com a doença

Alunos de Medicina e Biomedicina participaram da palestra com a médica hematologista Dra. Maria Stella Figueiredo (Foto: Emerson Sanchez)

Cerca de 140 alunos, entre acadêmicos da Faculdade de Medicina e do curso de Biomedicina do campus de Presidente Prudente, além das coordenações médicas e graduandos de Jaú e Guarujá participaram na tarde dessa quinta-feira (24), por videoconferência, de uma palestra sobre Anemia Falciforme proferida pela médica hematologista Dra. Maria Stella Figueiredo, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Professora de Hematologia e Hemoterapia da Unifesp, ela é considerada uma das principais referências no estado de São Paulo quando o assunto é a doença que tem mais prevalência na população negra. Na ocasião, foi anunciado também um projeto de instalação de ambulatórios de assistência e de pesquisa dentro da Unoeste, visando atender exclusivamente pacientes diagnosticados com anemia falciforme na região. Essa idealização é uma das metas da universidade.

A convite da coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Nats) da Faculdade de Medicina da Unoeste, professora Dra. Édima de Souza Mattos, a palestrante convidada abordou o tema "Anemia Falciforme: Aspectos Moleculares e Fisiopatológicos". A atividade resulta de parceria entre as duas instituições – Unoeste e Unifesp – no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em Prudente, além dos alunos, parte do corpo docente da Medicina e da Biomedicina também participou do momento que a palestrante abordou especificidades técnicas da doença genética e hereditária causada por uma mutação genética que provoca a deformação dos glóbulos vermelhos.

Na abertura, a professora Dra. Édima apresentou o currículo da palestrante aos alunos e destacou suas contribuições e experiências na área de Hematologia, com ênfase em anemias. Em doença falciforme, a Dra. Maria Stella também atua com temas de relevância na área, como talassemia, anemia carenciais, hemoglobinúria paroxística noturna e metabolismo de ferro. “A principal importância de discutir a Anemia Falciforme é que ela é uma doença que está praticamente presente dentro da população negra. A Dra. Maria Stella inclusive é do Ministério da Saúde e está aqui dando essa contribuição. Esse assunto de hoje é matéria, conteúdo da disciplina de Hematologia dos professores José Antônio Bressa e Rebeca Bressa na Faculdade de Medicina. Daí a importância dos alunos estarem participando. É uma curricularização e posteriormente será assunto de avaliação”, falou.

O professor de Hematologia, José Antônio Bressa, explicou a importância desse tipo de atividade proposto pela professora Dra. Édima e enalteceu a parceria entre a Unoeste e Unifesp que tem levado aprendizado aos acadêmicos para além da sala de aula. “É muito importante esse contato dos alunos com uma pessoa que tem expertise no assunto. Ela é uma hematologista especializada em Anemia Falciforme e que trabalha com isso há muitos anos. Então tanto traz novas linhas de pesquisa e informações recentes da Anemia Falciforme, quanto faz essa conexão da nossa escola com outra escola. Quanto mais as universidades conseguirem trocar experiências e informações, melhor para a formação de todo mundo”, considerou.

O assunto em debate na palestra, ainda segundo o professor, será retomado posteriormente em sala de aula com os alunos da Medicina. “Nós vamos apresentar novamente esse assunto no próximo semestre e aí a gente vai cobrá-lo na prova. Mas importante dizer que não é nem a prova o mais importante. O importante mesmo é aprender e fixar o conteúdo já que a Anemia Falciforme é a doença genética mais comum do Brasil. O médico generalista tem que saber atender esse paciente, dar uma assistência adequada a ele que certamente vai procurar o posto de saúde, um pronto-socorro e nem sempre haverá hematologista disponível”, analisou.

A professora Dra. Édima, coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Nats) da Famepp (Foto: Emerson Sanchez)

Conhecimento que se multiplica

O estudante do 1º termo da Faculdade de Medicina, Natan Rosa Rodrigues da Silva, participava atento da palestra. Sobre o assunto, ele já tem uma pesquisa de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) em andamento. O tema que desenvolve juntamente com as colegas de sala Maria Eduarda Bertoni Trombeta e Ana Lídia Borges é o uso da eritropoietina no tratamento da Anemia Falciforme. “Na verdade a gente está iniciando a pesquisa nesse começo de semestre, e a importância desse tema é para a gente ver as novas tecnologias no tratamento da doença e também fazer uma contextualização. E essa professora [Dra. Maria Stella Figueiredo] é a principal referência que temos hoje do tratamento de Anemia Falciforme aqui no estado de São Paulo. Então é de suma importância a gente participar de um evento como este que a Unoeste está proporcionando”, disse ele.

A colega de sala e de pesquisa, Maria Eduarda, compartilhou praticamente da mesma opinião. “Essa nossa participação aqui vai ser de extrema importância para a nossa iniciação científica, já que o tema no qual ela é especialista vai de encontro com o que nossa pesquisa propõe”. A estudante ainda falou de onde surgiu o interesse em se dedicar à pesquisa de forma tão precoce. “A gente se conheceu desde o primeiro dia da faculdade e desde então falávamos em fazer uma iniciação científica não só pelo currículo que vai ser muito importante lá na frente, mas porque a gente quer aprender. Eu sempre fui muito interessada em doenças genéticas, assim como o Natan tem interesse nessa parte de hematologia. Então juntamos essa afinidade que temos com pesquisa já nesse momento que, teoricamente, é onde mais teremos tempo e ânimo pra começar uma iniciação. E eu penso que tivemos muita sorte em começar nesse momento, já que a idealização de um ambulatório para ajudar pessoas com anemia falciforme deve tão logo se concretizar. Então está sendo maravilhoso essa possibilidade de um aprofundamento maior com os pacientes, porque a gente não vai ficar só na teoria, vamos ver prática também”, completou.

Conquista para a região

Durante a palestra, Dra. Édima revelou que a Unoeste está buscando firmar convênio com órgãos governamentais para a instalação de ambulatórios de assistência e de pesquisa dentro da universidade, voltados para pacientes diagnosticados com Anemia Falciforme. “Esse convênio é para que nós tenhamos aqui dentro da Unoeste dois ambulatórios, um de assistência multiprofissional de anemia falciforme e um ambulatório de pesquisas, os dois trabalhando concomitantemente”, destacou.

Na prática, quando instalados os ambulatórios, ganharão todos, segundo ela. “Para a Unoeste será uma grande conquista, mas a conquista maior é principalmente para as pessoas diagnosticadas com a doença de anemia falciforme. Só aqui na região temos mais de 200, daí a importância. Quem ganha, também, serão os alunos que terão a oportunidade de vivenciarem a prática já que o laboratório é multiprofissional. Isso vai trazer sobrevida, evitar mortalidade, vai dar qualidade de vida para essas pessoas que se não tratadas não vivem até os 47 anos”, ressaltou.


Legenda: Alunos de Medicina e Biomedicina participaram da palestra com a médica hematologista Dra. Maria Stella Figueiredo
Créditos: Emerson Sanchez
Legenda: A professora Dra. Édima, coordenadora do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Nats) da Famepp/Unoeste
Créditos: Emerson Sanchez